quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Obama troca a Lua pelo Sistema Solar

Regressar à Lua em 2020, construir bases? Não, esses sonhos, recuperados por George W. Bush em 2004, ao lançar o programa Constelação, que prometia o regresso à Lua em 2020, acabaram. A proposta de orçamento da Administração Obama para 2011 reconhece a impossibilidade de cumprir esse calendário mas, ao mesmo tempo, aumenta o orçamento da NASA em seis mil milhões de dólares por ano, durante cinco anos.
Da próxima vez, os americanos não irão sozinhos
Da próxima vez, os americanos não irão sozinhos (NASA/REUTERS)

A prioridade, agora, são projectos de investigação científica e a abertura de colaborações — com outros países e, algo inédito, parceiros comerciais para levar astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS).

Esquecer o regresso à Lua é “um passo de gigante para trás”, como disse um crítico republicano? Nada disso, responde Lori Garver, vice-administradora da NASA, numa conferência que a agência espacial transmitiu pela Internet. “Este orçamento volta a colocar-nos no Sistema Solar”.

No Verão, uma comissão independente disse que o programa Constelação estava fora de rota. “O comité Augustine estimou que o foguetão necessário para nos levar à Lua não estaria disponível antes de 2028 ou 2030 e, nessa altura, ‘não existiriam fundos para desenvolver o veículo de alunagem e sistemas de superfície’”, disse o administrador da NASA, Charles Bolden, um ex-astronauta.

Hoje já não há a Guerra Fria que permitiu injectar enormes quantidades de dinheiro na NASA para chegar à Lua em dez anos. Colaboração, agora, é a palavra-chave. “Todos nós acreditamos que, da sétima vez que formos à Lua, aterraremos lá com parceiros internacionais, e comerciais também”, afirmou Graver.

Nesta proposta de orçamento é concretizada a muito esperada estratégia da Administração Obama para o espaço. E, fiel ao espírito de um Presidente que se rodeou de prémios Nobel, a estratégia parece feita à medida para agradar aos cientistas.

É prolongado o prazo de envolvimento americano na Estação Espacial Internacional (de 2015 passa para 2020) e reforçado com mais dinheiro para que se transforme de facto num laboratório orbital, para estudar os efeitos da microgravidade no corpo dos astronautas. Missões robóticas de exploração do Sistema Solar — incluindo no estudo do Sol —, e um investimento no estudo da Terra e das alterações climáticas, uma área na qual a NASA estava desfalcada.

A NASA vai ficar sem meios de pôr astronautas em órbita, a partir do fim do ano, quando for aposentado o vaivém, por motivos de segurança. Pagar bilhetes de 50 milhões de dólares nas naves russas é a solução imediata, mas os EUA vão passar também a confiar em empresas privadas. Isto é uma grande revolução, mas é algo que a NASA guardou para falar hoje.

Mas ontem, Charles Bolden anunciou já que a NASA tem contratos com várias empresas para transportar tripulações para órbitas baixas (Blue Origin, Boeing, Paragon, Sierra Nevada, United Launch Alliance). “Ninguém se preocupa mais com a segurança do que eu. Fiz quatro missões num vaivém e perdi amigos em dois acidentes. Dou-vos a minha palavra que estes veículos serão seguros”, disse.

Inf - Jornal o Publico

Sem comentários:

Enviar um comentário